Um País em Quimioterapia!

Ouvir discurso do nosso Primeiro-Ministro, ontem, em directo, foi um choque imenso que julgo partilhado pela maioria dos Portugueses.

Não tenho a menor dúvida que assistimos ontem a um momento histórico, que figurará nos livros da História de Portugal daqui a uns anos.

O discurso de ontem foi um marco...

...sim, é verdade que já falamos de crise há muito tempo, sim já cá veio o FMI, sim já todos vimos a crise na Grécia e as suas consequências...mas...nada até ontem tinha sido tão grave, marcante e violento.

Ontem foi o dia em que Portugal chegou ao topo da corda bamba, atingimos a fronteira definitiva, estamos no ponto sem retorno...estamos doentes!

Comparo o dia de ontem ao dia em que um doente com cancro se confronta com o cenário de uma Quimioterapia.

Todos sabemos a violência da Quimioterapia, a "quimio" destrói o organismo, mata as nossas defesas, causa um sofrimento imenso e é uma terapia de choque para o organismo humano, e o pior é que a sua eficácia não é garantida...

...quem aguenta uma quimioterapia, chega ao fim profundamente debilitado, no limite das suas forças, na maior fragilidade humana e física, e eventualmente "curado".

Muitos não aguentam e "morrem da cura", o câncer avançado misturado com uma terapia violenta, por vezes vence...

É assim que estaremos daqui a 2 anos, se não mortos pela cura, certamente muito debilitados, enfraquecidos, sem forças ou riquezas, tal como um doente que "sobrevive" a uma Quimio.

E neste país em Quimioterapia, muitos são os que não vão resistir ao tratamento violento!

Aumentar o IVA da Restauração é matar os pequenos restaurantes e cafés de Bairro, normalmente famíliares (marido e mulher, pais e filhos) que, de repente ficarão sem sustento.

Reduzir e eliminar as deduções no IRS é onerar as famílias e os trabalhadores por conta de outrém.

Retirar os subsídios de férias e natal é retirar a pouca capacidade aforradora das familias, que aproveitam muitas vezes esse rendimento extra para "colocar algum de parte" ou para saldar dívidas que se acumularam nos meses anteriores.

Aumentar o horário de trabalho é retirar mais qualidade de vida


No caso dos doentes com Cancro, há quem, no alto da sua dignidade e honra, se recuse a submeter à violência de uma quimioterapia, sabendo que no exercício desse direito está também a assinar a sua pena de morte, preferem morrer a sofrer.

Nós, enquanto país não podemos morrer!! Só nos resta sofrer e esperar que daqui a 2 anos ainda estejamos vivos!!